quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De um recorte de um ensaio...

Origem:

(Baixo com o arco; guitarra e efeitos).

(Aquecimento dos atores, preparação dos instrumentos, do espaço... Plano baixo).

Ficou lindo!

Até aqui 30 minutos

(Manara: provocação, tira os atores da “engatinhação”. Partem para a disputa).

Toda transgressão tem como base uma luta contra algo oposto.


Transgressão:

Toda transgressão tem como base uma luta contra algo oposto.”

(A bateria passou a tocar, o baixo agora é tocado com os dedos; ritmo funkeado).

(Luta.)

“-O sangue que corre na minha casa é vermelho mas é bom”

“-Calma, calma, calma...” (Abraço)

“-Vazio e calma...”. (Manara)

(Os músicos agora estão no centro da sala, tocando junto aos atores). Transgrediram seu espaço.

A disputa tem sido um elemento comum a todos os “Cabarés”

Atualidade:

(Assovios).

Calma para o presente... Adorno, Marcuse diziam: A arte sempre foi um lugar no qual se afirmava um mundo infinitamente melhor, o espaço da liberdade, da resistência contra uma sociedade administrada, o ultimo lugar em que é possível se afirmar uma felicidade...

Na origem sempre está a dor, o sangue, seguido da paz... Trangressão sempre envolve violência, dor, sangue... E a calma, não é o que todos buscam? A felicidade? Calma para a atualidade!

“-Calma... é o momento da calma” (Enrique)

“-Não pra mim.” (Nadja)

“-Esse é o momento que todos estavam esperando!!!” (Manara)

Mas como nem tudo é como queríamos...

(Circo dos horrores)

O Absurdo (da existência) junto a alegria.

Busca. Frustração.

Até aqui 1h

Tristeza.

Mas por outro lado um momento sublime: (Dançam Nadja e Manara)

Resistência contra o absurdo, o caótico?

(Músicos: ritmo e melodia trabalhando juntos, ordem... Quebra, cai. Inicia tudo de novo. “-Coito interrompido” diria Elias mais tarde) Total tentativa e frustração.

Elementos para trabalhar a atualidade são mais confusos, passam talvez por muito desejo pessoal irreconhecíveis; muita expressão e pouca comunicação:

(Mariana aponta um revolver para a cabeça)

(Luis dança sozinho com um blusa)

(Nadja e Julia cantam juntas)

(Nadja é costurada por Mariana)

Horkheimer, O Eclipse da Razão[1]. Desafio: unir Origem e Atualidade. Não se perder.

(Carlinhos volta a tocar seu baixo com o arco).

(Nadja e Julia brincam; Mariana, naquilo que começou o revolver quer se jogar do alto, Luis a segura, Manara triste ao canto)

Voa Mari, voa! (É morta)

(Nadja devora sua presa)

(Show de reggae)

Bizarro esse mundo!

Tudo seria mais fácil se eu tivesse um isqueiro e uma câmera fotográfica.

1:50h até aqui

Próxima estação, Aurora! Srs. Passageiros com destino ao céu, favor ocupar seus lugares... Lembranças deverão ser esquecidas. A ultima estação.

Passageiros com destino ao futuro, favor esquecer seu passado agora!” (Manara)

“-Hey, você me lembra o meu pai!Ele também era assim; calado e estranho.

-Hey, por favor, me fala o que o meu pai queria me falar!” (Manara)

“-Filho, é duro, mas é a lei do oeste...

(Faroeste)

Taí algo bem atual!

(Meninas-cachorras)

“-Vai, cachorra, vai cachorra.

-Vai potranca!” (Luis. Um cachorro?)

(Menininhas tirando foto)

2h até aqui

(Luis-cachorrão batendo um pedaço de pau na bunda das meninas, que reclamam, sorriem, deixam...)

“-Saudade mata a morena” (Mariana)

E mais varias outras coisas que a caneta não foi capaz de acompanhar. Trata-se de um recorte, a partir de um ponto de vista (adorniano). Talvez (talvez!) melhor faria a câmera, mas provavelmente seria um recorte também. E é bom que seja assim



[1] “... tal descoberta pode acrescentar um dos dois importantes elementos ao caráter do indivíduo que a faz: resistência ou submissão. O individuo resistente se oporá a qualquer tentativa pragmática de conciliar as exigências da verdade e as irracionalidades da existência, por exemplo, a impossibilidade da moral. Em vez de sacrificar a verdade pela conformidade com os padrões dominantes, ele insistirá em expressar em sua vida tanta verdade quanto possa, tanto na teoria quanto na prática. Terá uma vida conflituosa; deverá estar pronto para correr o risco de uma extrema solidão. A hostilidade irracional que o inclinaria a projetar suas dificuldades interiores sobre o mundo é superada pela paixão de realizar aquilo que o pai representava para ele na imaginação infantil, a saber, a verdade. Esse tipo – se é que se trata de um tipo – leva a sério aquilo que lhe foi ensinado. Não desiste de confrontar persistentemente a realidade com a verdade, de revelar o antagonismo entre os ideais e as realidades. A sua própria crítica, teórica e prática, é um reafirmação negativa da fé positiva que teve quando criança”.

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